A exposição DESIGN(IO), busca evidenciar dois eixos fundamentais e complementares da trajetória de Jota Medeiros: a atuação como artista multimídia e as contribuições no campo institucional. No primeiro núcleo são apresentados alguns trabalhos que demonstram as estratégias utilizadas pelo artista para radicalizar e ampliar a conexão entre arte e novos meios. Xerox, vídeo, estêncil, carimbo, telefone, máquina de escrever apropriado como dispositivos poéticos que culminam em múltiplas experiências artísticas. No segundo, reunimos um material que evidencia o empenho do artista em agenciar e institucionalizar um campo discursivo e prático para arte multimídia em Natal. Por um lado, esse empenho se expressa em diversas publicações – Povis; Delírio Urbano; Ars poética; Geração Alternativa: antologia poética potiguar anos 1970/80 – que de certo modo constroem uma narrativa, em parte autobiográfica, uma historiografia da vanguarda e experimentalismo artístico em Natal. Cabe destacar que o artista, como responsável pelo suplemento cultural Contexto no Jornal A República, estabeleceu uma plataforma de difusão, trocas e circulação para a poesia visual e a arte experimental no final dos anos 1980. Por outro lado esse empenho culminará na criação do Setor de Multimídia no Núcleo de Arte e Cultura da Universidade Federal do Rio Grande do Norte a partir dos anos 80. Como idealizador e coordenador desse Setor, Medeiros promoveu diversas ações voltadas a fomentar a reflexão, estimular a produção e experimentação e constituir um acervo multimídia no NAC/UFRN. Nesse processo, contou com a colaboração de artistas vinculados a rede da arte experimental/mail art da qual Jota era um ativo participante. Foram convidados a contribuir diversos artistas, hoje nomes importantes do nosso experimentalismo. O desejo de criar um acervo múltiplo da produção artística ligada aos novos meios culminará no museu virtual Abraham Palatnik. Esse projeto, em construção, é, talvez, uma das obras mais ambiciosa de Medeiros. Disponibilizará, via plataforma digital, mais de 5 mil obras do acervo multimídia do artista – atualmente em processo de comodato com a UFRN. De certo modo, esse projeto consolida uma trajetória artística marcada por um forte compromisso com a institucionalização, difusão, memória e arquivo da arte multimídia no Brasil.

Curadoria: Fabricia Jordão e Sanzia Pinheiro
Exposição “DESIGN(IO)” de Jota Medeiros – III Mostra do Programa de Exposições 2016.
Visitação: de 19/11/2016 a 12/03/2017, de terça a sexta, das 10h às 20h; sábados, domingos e feriados das 10h às 18h.
Local: Centro Cultural São Paulo, rua vergueiro, 1000, Paraíso, São Paulo – SP

 

 

A mostra “Círculo do Tempo” de Falves Silva busca reafirmar a produção do artista, evidenciando sua participação na rede internacional da arte conceitual a partir dos anos 1960. O artista, tendo o papel como suporte, desenvolve trabalhos em diálogo com o construtivismo e vinculado a Arte Correio. Dialogando com a literatura, o cinema e a história em quadrinhos; manipulando estruturas comunicativas e imagens da história da arte e da comunicação de massa, Falves Silva cria sua obra diversificando a abordagem e o tratamento dos materiais que elegeu.
O recorte privilegiado para essa mostra, além de evidenciar uma múltipla e intensa produção, apontam para duas vertentes fundamentais da trajetória do artista: a poesia visual e a construção de narrativas. No primeiro caso, os trabalhos evidenciam uma recorrente pesquisa com formas e padrões geométrico que se conectam, essencialmente, às propostas dos concretos, neoconcretos e do poema-processo e a uma ideia de vanguarda brasileira neles subjacentes. Cabe destacar, que o artista é um dos pioneiros do movimento do poema-processo e que, desde Natal (RN) travou um diálogo intenso e produtivo com Moacyr Cirne, Wlademir Dias Pino, Álvaro de Sá e Neide Sá. No segundo caso, as produções evidenciam uma forte tendência em construir narrativas e, nesse movimento, reposicionam o artista enquanto narrador-historiador. Dessa vertente destacamos três séries. O círculo do tempo, uma metanarrativa visual que, ao tomar a invenção da escrita como fio condutor, traça uma fantástica, anacrônica e descentralizada história da humanidade. Equações Assimétricas, na qual o artista desenvolve uma genealogia do poema-processo reposicionando-o e se reposicionando, desde uma vanguarda descentralizada e simultânea, na arte brasileira. E Enciclopedia Visual, na qual Falves Silva condensa um conhecimento que é apropriado, copiado e editado dos mass media e onde as imagens – mil vezes copiadas, editadas, violentadas – longe de meras ilustrações, são as grandes protagonistas e nos contam de uma sociedade cada vez mais midiatizada. Por fim, apresentamos livros e publicações de artista, em sua totalidade construídos em coautoria, que evidenciam a ativa participação e colaboração de Falves Silva nas redes da arte correio ao longo dos anos 60 e 70. Curadoria: Fabricia Jordão e Sânzia Pinheiro

Serviço:
Exposição “Círculo do Tempo” de Falves Silva – III Mostra do Programa de Exposições 2016.
Visitação: de 19/11/2016 a 12/03/2017, de terça a sexta, das 10h às 20h; sábados, domingos e feriados das 10h às 18h.
Local: Centro Cultural São Paulo, rua vergueiro, 1000, Paraíso, São Paulo – SP